“O Gambito da Rainha” mostra jovem em busca do título mundial
Tendo como protagonista a jogadora de xadrez Elizabeth Harmon, interpretada pela atriz Anya Taylor-Joy, “O Gambito de Rainha” se tornou, segundo a Netflix, a minissérie mais assistida da história da plataforma de streaming. Apenas no primeiro mês de exibição, a produção, lançada em outubro, foi vista por 62 milhões de contas. E ainda ajudou a colocar o livro homônimo em que foi inspirada, escrito por Walter Tevis, entre os mais vendidos do New York Times 37 anos depois da publicação original.
“O Gambito de Rainha”, que mostra como uma órfã se tornou um prodígio do xadrez, também fez disparar a procura por aulas e livros sobre o jogo e a venda de tabuleiros e peças. Em sua busca pelo título mundial, Beth enfrenta o machismo com o qual as jogadoras da vida real também têm que conviver. O título de Grande Mestre, criado em 1950, já foi concedido a 1.928 enxadristas, entre os quais apenas 37 mulheres.
A chinesa Hou Yifan, na 88ª posição, é a única mulher entre os atuais Top 100 do Ranking da Federação Internacional de Xadrez (FIDE). Professora de xadrez do Nosso Clube, Sofia Cardoso dá aulas em centros comunitários de Limeira por meio da parceria entre o clube a Prefeitura e está entusiasmada com a repercussão que “O Gambito de Rainha” está trazendo à modalidade. Formada em Educação Física, ela tem 23 anos e joga xadrez desde os 6. Há 3 anos, vem ensinando sobre peões, torres, cavalos, bispos, reis e rainhas nos centros comunitários do Parque Nossa Senhora das Dores e da Cecap.
Sofia acredita que a série, cujo nome faz alusão a uma jogada em que se sacrifica uma peça para conseguir uma vantagem, vai incentivar principalmente as mulheres a quererem aprender xadrez. “A minissérie mostra o poder feminino e quebra o tabu em relação à modalidade”, analisa. “Uma mulher, como qualquer outro jogador, pode ser campeã mundial”. Ela própria diz que, no seu trabalho, precisa vencer o machismo que encontra principalmente entre os jogadores mais velhos.
A professora conta que vem adorando a experiência de ensinar crianças e jovens a jogar xadrez. “É ótimo transmitir os meus conhecimentos para alunos que nunca tiveram contato com a modalidade e mostrar a importância e os benefícios que traz a sua prática”, destaca. Segundo ela, o jogo ajuda a desenvolver concentração, atenção, facilidade para cálculos e estratégias, que vão auxiliar nas disciplinas curriculares das escolas.
Sofia explica que a partir dos 4 anos já é possível iniciar nas aulas de xadrez e recomenda sua prática desde essa idade, mas ressalta que pessoas de todas as faixas etárias podem aprender a jogar. No Nosso Clube, há aulas de xadrez gratuitas para os associados duas vezes por semana. As atividades da modalidade serão retomadas em 2021. Até lá, é possível acompanhar videoaulas de Sofia nas redes sociais, site e canal do YouTube do clube.