Neste momento, preocupação deve ser com saúde, e não performance, alerta Guinho

Educador físico, que coordena academia do Nosso Clube, aconselha a dosar bem as atividades físicas em época de pandemia

 
Neste momento em que a pandemia de Covid-19 atinge números assustadores de infectados e mortes, os exercícios físicos devem ter foco na melhoria do sistema imunológico e não na performance. O alerta é do educador físico Guinho Silveira, da Guinho Wellness, que é concessionário da academia do Nosso Clube. “Atividades moderadas promovem a elevação da imunidade do organismo, mas aquelas de intensidade muito alta podem ter, momentaneamente, o efeito contrário, seja o indivíduo bem condicionado fisicamente ou não”, adverte.
 
Guinho cita como exemplo o Iron Man, prova em que os participantes correm, nadam e pedalam por mais de 10 horas. “São atletas extremamente condicionados, mas que terminam a disputa com a imunidade muito baixa, tanto que é comum apresentarem sintomas de gripe após uma prova”, compara. Se a pessoa demonstra hiperventilação, ou seja, fica muito ofegante durante um exercício, é porque a atividade está mais intensa que moderada. Esse é um bom termômetro para dosar a prática.
 
Porém, é muito importante que as atividades físicas sejam parte da rotina de todos. Correr, caminhar, nadar e pedalar são exemplos de exercícios que melhoram a capacidade cardiorrespiratória e pulmonar. E é bom lembrar que o aparelho respiratório é bastante atingido pelo coronavírus. “Com um ajuste na intensidade, sem exageros, essas modalidades trazem um benefício muito grande ao praticante”, ressalta Guinho.

REFORÇO AO ORGANISMO
 
O especialista cita um estudo publicado numa revista científica que analisou o efeito das atividades físicas em pessoas que enfrentaram a Covid-19. “O artigo mostrou que treinos aeróbicos contribuíram muito para fortalecer o sistema imunológico, diminuindo a gravidade da doença e a mortalidade entre esses pacientes”, destaca. “Ou seja, a pessoa que se exercita regularmente, de maneira correta, tem o organismo mais bem preparado para se defender caso contraia o coronavírus”.
 
Não é nada recomendável, no entanto, que quem é sedentário hoje saia correndo por aí. Para o iniciante, o ideal é caminhar e, paulatinamente, aumentar a distância percorrida ou o ritmo das passadas. Aos poucos, conforme for se sentindo bem com aquela intensidade, pode ir intercalando com corridas. “Isso vale independentemente de pandemia, mas é ainda mais importante ir com cautela neste momento”, avalia o professor.
 
A advertência serve também para as atividades oferecidas online, que disponibilizam muitas opções para se exercitar sem sair de casa. Do mesmo modo, é muito importante ir aumentando a intensidade aos poucos. “É preciso se condicionar gradativamente, inclusive para que a pessoa não sofra uma entorse ou um estiramento e tenha que ir ao hospital, que é bem arriscado neste momento”, lembra Guinho.
 
PRUDÊNCIA SEMPRE
 
Enfim, prudência em primeiro lugar. Sempre com a consciência dos riscos que se corre ao optar por atividades que prometem efeito rápido, sem, entretanto, encontrar respaldo científico. “Selecione bem os exercícios, não queira recuperar o tempo que ficou parado rapidamente e vá sempre do mais fácil para o mais difícil”, reforça o educador físico, que salienta que os exercícios de força normalmente praticados na academia, como a musculação, também requerem cuidado, com atenção para a intensidade aplicada.
 
Quem tem mais preparo e consegue realizar treinos mais vigorosos, deve alterná-los com outros moderados, com o intuito de não diminuir a fração de neutrófilos, células de defesa que são a primeira barreira que o vírus encontra no organismo. E quem tem doenças crônicas como colesterol ou pressão altos, diabetes e obesidade, ou problemas musculoesqueléticos ou articulares, não deve jamais abandonar as atividades físicas para não agravar essas situações, mas sim adequá-las às suas possibilidades, seguindo sempre as orientações médicas.
 
Se os exercícios fazem tão bem à parte física, ajudam muito também a preservar a saúde mental, importantíssima neste momento de preocupação, medo e ansiedade. Para isso, porém, é preciso manter a atividade por mais que 20 minutos, que é quando começa a liberação de endorfina e serotonina, hormônios responsáveis pela sensação de bem-estar. “Mas isso nada tem a ver com intensidade alta, e sim com regularidade”, frisa Guinho.
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