Título sul-americano e recorde brasileiro estão entre os feitos do treinador
Se tivesse conquistado o sucesso que obteve na natação numa época mais recente, Glauco Azevedo Casimiro, o Kako, poderia ter sonhado com uma carreira profissional. “Mas antes, para ter algum reconhecimento que proporcionasse retorno financeiro, era preciso ser um finalista olímpico”, argumenta o professor de natação do Nosso Clube, um dos limeirenses que mais destaque conseguiu dentro das piscinas. Hoje, ele se diz orgulhoso de treinar crianças e jovens justamente no lugar onde começou a nadar.
Kako tinha 4 anos quando ele e seu irmão Glauber foram matriculados em uma das primeiras turmas das aulas de natação do Nosso Clube, no início dos anos 70. Gostava tanto que até ganhou uma medalha, que guarda até hoje, de aluno mais assíduo. Evoluindo no aprendizado, chegou à Piscina Municipal Alberto Savoy, onde passou a ser treinado pelo técnico Sebastião Jacon, o Caveira. Logo no primeiro Campeonato Brasileiro de que participou, em Santos, aos 8 anos, conseguiu um pódio.
Começava aí a vencedora trajetória de Kako na natação. Ele conta que sempre gostou de treinar forte, mas que tudo para ele era uma grande diversão. “Talvez isso tenha sido um diferencial para meu bom condicionamento”, raciocina. Os treinamentos com os atletas mais velhos possibilitou que ele se aperfeiçoasse ainda mais e conseguisse destaque em competições de nível estadual e brasileiro, principalmente nas provas de costas, livre e medley.
Com isso, aos 11 anos, garantiu uma vaga na seleção brasileira que disputaria o Sul-americano na Colômbia. Kako voltou de lá com três medalhas de ouro: individual nos 100m costas e por equipes nos 4x100m livre e nos 4x100m 4 estilos. Os bons resultados prosseguiram e, aos 16 anos, ele bateu o recorde brasileiro da categoria nos 100m costas, superando a marca estabelecida anos antes por Ricardo Prado, um dos mais importantes atletas da história da natação brasileira.
TREINOS NA CALIFÓRNIA
Depois disso, Kako foi convidado para treinar na Califórnia, numa das mais fortes equipes de natação dos Estados Unidos, por onde haviam passado o próprio Ricardo Prado e outra lenda das piscinas nacionais, Rômulo Arantes. Aos 18 anos, o limeirense voltou dos EUA com outras preocupações em mente além das competições. Sem condições de seguir uma carreira de atleta, foi fazer faculdade de Administração de Empresas e trabalhar com seu pai, proprietário da Elétrica Darcy.
“Aos 19 anos, os treinos já não eram mais uma diversão”, recorda-se. Mesmo assim, dedicou-se para sua última disputa, um Paulista do qual voltou com a medalha de ouro. Continuou frequentando a Piscina Municipal para nadar eventualmente e, então, acabou convidado para ser auxiliar técnico da equipe. Foi aí que decidiu cursar Educação Física. “Percebi que dar aulas para crianças era minha cara”. Foram três anos na Alberto Savoy como treinador, período do qual se orgulha por ter ajudado a revelar nadadores de destaque.
De volta à vida corporativa, afastou-se mais um período da natação. Até que surgiu o convite para treinar a equipe máster do Limeira Clube, que mais tarde se juntaria à do Nosso Clube. “Voltei para a borda da piscina realizadíssimo”, afirma. Com o tempo, Kako expandiu seu trabalho para outras faixas etárias de associados nossoclubinos. “É uma delícia estar junto de crianças e adultos num ambiente maravilhoso e que oferece uma estrutura que bem poucos clubes dispõem para a natação, além de profissionais experientes e com conhecimento técnico”.
O professor fala com a propriedade de quem conheceu vários clubes em diversos países e aprendeu que o esporte não é um mero meio de se verificar quem é o melhor, mas uma das atividades primordiais para formação do caráter do cidadão. Diante da piscina coberta e aquecida, uma das três que formam o parque aquático do Nosso Clube, Kako faz um convite: “Quem não conhece este clube precisa conhecer, porque é um lugar incrível para se praticar esporte”.